Zimbabwe destrona Zâmbia e conquista sexto título

A selecção de futebol do Zimbabwe conquistou hoje o seu sexto título na 18ª edição da Taça COSAFA CUP, ao vencer a sua similar da Zâmbia por 3-2, com os golos de Philana Kadewere e Khama Billiat nos minutos 3’,90’;  90+8e 116’respectivamente. Os dois golos da selecção da Zâmbia foram marcados por Divine Lunga (7’e 49’). Com este triunfo a poderosa equipa do Zimbabwe conquista, uma vez mais a custa da Zâmbia o seu sexto título, depois de tê-lo feito em 2017 ao vencer o mesmo adversário por 3-1.

Foi uma final épica que certamente ficará marcada na história deste torneio que ano pós ano vem tem superado as expectativas em termos de estrutura organizativa,. Foi na verdade uma verdadeira propaganda do futebol.

O torneio que decorre desde o passado dia 27 de Maio na província de Limpopo, África do Sul teve o seu fim hoje com a tradicional cerimónia de atribuição de medalhas e troféus aos vencedores e vencidos por parte da organização. Lembrar que pela primeira vez na história desta prova os 14 países membros do Conselho das Associações de Futebol da África Austral (COSAFA) marcaram a sua presença.

No que tange ao prémio monetário coube ao primeiro classificado receber o valor de 500.000 mil randes, o segundo 250.000; o terceiro 150.000;  quarto 125.000, e por fim o quinto com 100.000 mil randes. Philana Tinotenda Kadewere foi eleito o homem do jogo.

Na categoria dos prémios individuais o jogador de Madagáscar AAh Andrianamanana foi eleito o jogador do torneio, enquanto Onkabetse Makgantai, do Botswna conquistou a bota de ouro e para não variar, George Chigova, guarda-redes do Zimbabwe recebeu mereceu o prémio de melhor guarda-redes do torneio. A selecção de Madagáscar foi considerada como sendo a equipa fair-playsmando um total de 499 pontos.

No seu quinto  torneio, o treinador do Zimbabwe, Sunday Chidzambwa, não chegou a experimentar o sabor da derrota. Este cometeu a proeza de levar a equipa a conquistar o  troféu  por três ocasiões 2003, 2009 e 2017. Um recorde notável que o levou a 17 jogos invictos neste que é o maior torneio regional do Continente.

O guarda-redes do Zimbabué, George Chigova, foi crucial nesta caminhada tendo defendido cinco das sete penalidades nos confrontos até aqui tidos.

No rescaldo das 17 edições até aqui realizadas, Zâmbia e África do Sul são as selecções que já ganharam a competição mais vezes (4), seguidos por Angola com três conquistas.

Percurso dos finalistas

O Zimbabwe que entrou para os quartos-de-final à semelhança da sua similar da Zâmbia, afastou de forma suada o Botswana vencendo por 3-1, um resultado que só foi conseguido no desempate da lotaria das grandes penalidades uma vez que a partida terminou empata a  uma bola período regulamentar.

Já nas meias-finais, os “The Warriors”, nome de guerra da selecção zimbabueana, voltou a suar as estopinhas para tirar do seu caminho o Lesotho, que também não foi uma pêra doce. Estes não entregaram o jogo de mão beijada tendo obrigado com que o resultado fosse decidido na marcação de grandes penalidades (1-3), depois de um empate sem golos nos 90 minutos.

Quem também encontrou dificuldades para chegar a meta foi a Zâmbia, que encontrou oposição forte diante da Namíbia, que também obrigou com que o resultado fosse sentenciado aos penalties (4-3), depois do nulo no tempo regulamentar. Nas meias-finais, Lazarous Kambole (38’)marcou o único golo do desafio, pondo deste modo o fim da aventurada trajectória da equipa malgaxe rumo ao título.

No seu histórico na COSAFA, a Zâmbia apenas conseguiu até aqui impor uma goleada ao Malawi ao vencer por 4-0, tendo curiosamente tido a sua pior derrota (3-1), frente ao Zimbabwe, em Novembro de 2009 em Harare, com dois golos de Mushekwie um Malajila. Banda foi o autor do tento de honra dos Chipolopolos.

Um outro facto curioso é que o Zimbabwe ainda não venceu uma partida de forma definitiva nesta edição. Nos quartos-de-final contra o Botswana terminaram empatadas a uma bola, antes de triunfar por 3-1 nos penáltis, enquanto nas meias-finais  contra o Lesotho terminou zero a zero antes de os “Warriors” voltarem a vencer o jogo por 3-1.

A Zâmbia também marcou apenas um golo nos dois jogos disputados até o momento. A equipa empatou sem golos frente a Namíbia no jogo referente aos quartos-de-final, antes de vencer 4-3 e, depois, na vitória por 1- 0 sobre Madagáscar nas meias-finais.

Factos e curiosidades

Contabilizam-se apenas duas volumosas vitórias que o Zimbabwe registou no seu histórico em jogos oficiais. A primeira data de 1977, frente a África do Sul, em       que os Bafana Bafana perderam por 7-0, quando o país chama-se até então por Rodésia do Sul. A 26 de Agosto o Zimbabwe voltou a fazer estragos ao derrotar também pelo mesmo resultado (7-0), a sua similar do Botswana.

Já na COSAFA, o recorde de maior número de golos obtidos num só jogo foi contra as Seychelles, após vencerem por contundentes 6-0. A humilhante derrota algumas vez sofrida foi frente a Namíbia por 1-4.

A Zâmbia que também conta com quatro títulos (1997, 1998, 2006, 2013) na Taça das Nações Africanas, conta também com o registo de três resultados expressivos conseguido em partidas de carácter particular, com destaque para a estrondosa goleada aplicada a Suazilândia (11-02), no dia 5 de Fevereiro de 1978.

Quem também não escapou da fúria zambiana foi a selecção de Kenya que, a 13 de Novembro ainda do mesmo ano, sucumbiu ao perder por 9-0, e pelo mesmo resultado o Lesoto foi humilhado em 1988.

A pior derrota que uma vez os “Chipolopolo” averbaram foi contra a República Democrática do Congo por 10-1, e com a Bélgica por 9-0  em Junho de 1994.

São no total 50 jogos que a Zâmbia realizou no seu percurso na COSAFA, dos quais empatou 27, perdeu sete (7), marcou 75 golos e sofreu 32.

Zimbabwe o imperador  

Com uma década a apitar na COSAFA, o árbitro angolano Hélder Martins de Carvalho foi o homem destacado para conduzir a final. Uma distinção merecida. Mal havia soado o apito,  a equipa do Zimbabwe escancarou as portas para a vitória aproveitando um erro clamoroso da defensiva, que permitiu com que Philana Kadewere roubasse a bola e inaugurasse o marcadora passagem do minuto três (3).

A resposta do lado zambiano não tardou, numa situação similar a defensiva zimbabueana permitiu também com que, Divine Lunga, avançado a evoluir no Chicken Inn, da Zâmbia igualasse o marcador no minuto sete. Estava relançado o jogo. Um espectáculo que não defraudou as expectativas de quem foi assistir a partida.

O empate permitiu com que as duas equipas em campo demonstrassem o que de melhor tem. Foi sob o signo de equilíbrio que as duas formações foram ao intervalo.

No reatamento a Zâmbia decidiu tomar as rédeas do jogo colocando o detentor do título em alerta máxima. Disposta a vingar a derrota sofrida na última final em Rustenburg, a Zâmbia chega ao segundo golo por intermédio de Divine, o autor moral do primeiro tento. O atacante que esteve inspirado abateu o gigante guarda-redes zimbabueano, George Chigova pela segunda vez. Golos que trouxeram alguma tranquilidade e confiança as hostes zambianas. Vivia-se momentos de delírios e êxtases nas bancadas por parte dos adeptos.

Quando tudo indicava que o jogo estava perdido para o Zimbabwe eis que Philana Kadewere, autor do primeiro golo do Zimbabwe iguala a partida em cima dos 90 minutos. Loucura total! O jogo teve que ser arrastado aos prolongamentos.

No minuto 90+8 Khama Billiat é carregado dentro da grande área e o juiz não hesita em assinalar a grande penalidade. Uma decisão que gerou muita tensão no seio da equipa zambiana. Khama foi quem encarregou-se de sentenciar marcando o terceiro golo para a sua equipa. Estava impróprio para cardíacos. Concluídos os primeiros 15 minutos da compensação  a vantagem sorria para o Zimbabwe. Desfalecidos e pressionados com o turbulento ruído da claque do Zimbabwe os “Chipolopolos” cederam e permitiram com que o seu adversário voltasse a violar a baliza contrária. Khama Billiat fechou com chave de ouro depois de uma jogada bem combinada com o seu colega Philana, autor dos dois primeiros golos. Terminava assim a história de um jogo repleto de emoção e muita cumplicidade entre os contendores.