Angola e Moçambique: Uma participação que sugere muito trabalho de casa

Foi na verdade um misto de sensação que a selecção nacional moçambicana de futebol sentiu após despedir-se precocemente da 18ª edição do Torneio da COSAFA que este ano decorre na província sul-africana de Limpopo. O mesmo, podemos dizer também de Angola que uma vez mais desiludiu registando a sua terceira saída consecutiva da prova ainda na fase de grupos.

A participação de Moçambique desta prova sugeriu à equipa de Abel Xavier muito aprendizado e consequentemente um dever de casa acrescido por fazer. Foi com um total de seis pontos frutos de duas vitórias, e uma derrota que o conjunto moçambicano terminou a sua curta odisseia nesta prova em segundo lugar atrás de Madagáscar, líder do grupo com sete pontos.

Comparativamente na edição anterior (2017), que sofreu cinco golos, Moçambique que ano esteve inserido no Grupo “A” saiu-se bem, curiosamente marcando o mesmo número de golos (5) e tendo sofrido apenas três. Moçambique só não conseguiu transitar para os quartos-de-final, pois não dependia apenas de si.

No ano passado a selecção moçambicana despediu-se da COSAFA naquele que foi o seu pior quinto registo negativo nesta ao sair de forma prematura neste certame.

Os “Mambas” tiveram a sua estreia diante da sua similar de Madagáscar onde voltaram a perder por 2-1, numa partida em que os treinados de Abel Xavier não tiveram argumentos para contrariar o favoritismo deste adversário que tem sido um calcanhar de Aquilies para si. Sentiu-se que Moçambique ainda conseguiu superar os fantasmas deste adversário!

Importa recordar que apenas Namíbia e Moçambique chegaram alguma vez à final, tendo a Namíbia sido finalista nas duas primeiras edições, isto em 1997 e 1999, em edições ganhas por Angola e Zâmbia.

Já Moçambique chegou uma vez apenas à final do evento, o que aconteceu em 2008, perdendo para a África do Sul por duas bolas eoutra em 2015. 

MAMBAS COM O CAN A ESPREITA 

De realçar que Moçambique fez os seus primeiros jogos internacionais na COSAFA, depois de tê-lo feito a 10 de Outubro, em Portugal, diante de Cabo Verde onde venceu por 1-0.

Em um ano (Outubro de 2016 a igual período de 2017) Abel Xavier fez oito jogos em datas-FIFA, tendo alcançado neste particular três vitórias, dois empates e três derrotas.

Venceu a (2-0) Angola, em Maputo, Lesotho (1-0), na Beira, e Cabo Verde (1-0), em Portugal. Empatou (1-1) com África do Sul e Quénia, em Maputo. Perdeu três, nomeadamente diante do Togo (2-0), em Lomé, Namíbia (1-0) e  Quénia, fora de portas.

No que as eliminatórias para o CAN dizem respeito, anotar que que depois de receber, a 6 de Setembro deste ano, a Guiné-Bissau para a segunda jornada, Moçambique volta a jogar em casa para a terceira jornada frente à Namíbia nos primeiros dias de Outubro. Depois vai à Namíbia para a quarta jornada, recebendo a Zâmbia na quinta, devendo fechar a campanha em Bissau, frente a Guiné.

ANGOLA NÃO FOGE À REGRA

Angola volta uma vez mais a defraudar as expectativas dos seus adeptos ao terminar o seu percurso de forma amarga. Os treinados de sérvio Srdjan Vasiljevic não conseguiu colocar a equipa nos quartos-de-final, mesmo tendo sido esse o seu desejo. A derrota na estreia frente ao Botswana (2-1), comprometeu de certa forma as aspirações dos “Palancas Negras”, que ainda assim chegaram a acreditar numa possível passagem depois da vitória tida diante das Maurícias por uma bola sem concorrência, no jogo referente a segunda jornada do Grupo “B”.

Ainda que tivessem ganho a derradeira jornada, os angolanos estavam numa situação de difícil, isto é, estes para além de vencer o último jogo deveriam ficar a espera de um desaire do Botswana e dai recorrer-se ao a diferença de golos ou ao confronto directo- onde claramente não teriam hipóteses algumas-visto que consentiram a derrota diante deste adversário.

Angola terminou a fase de grupos com um total de quatro pontos (4), frutos de uma vitória e igual número de empates  e derrota.

Recorde-se que em 2016 os Palancas Negras registaram a sua pior prestação de sempre saindo precocemente na fase de grupos,  tal como sucedeu em 2017 depois de terem cedido um empate sem golos na última jornada do grupo “A” , curiosamente diante do Malawi.

Com três títulos na sua colecção os “Palancas Negras” foram finalistas vencidos por duas vezes (2000 e 2005). O resultado mais expressivo que os angolanos já conseguiram no torneio da COSAFA, foi diante da Suazilândia, ao vencer por 7 -1, em Abril de 2000. Em 2016, os angolanos tiveram a sua pior prestação tendo sofrido uma derrota por 3-0, diante do Lesotho. Lembrar que em 40 partidas até aqui disputadas os angolanos somaram um total de 16 vitórias, 11 derrotas e 13 empates.

No cômputo geral a participação dos dois países lusófonos afigura-se como um retrocesso na medida em que os resultados apresentados neste evento contrastam em grande medida com aquilo que é o real valor das mesmas, por um lado. Por outro, alguns círculos de opinião defendem que independentemente da competição em que estiverem envolvidos a selecção de bandeira deve sempre pautar uma postura ganhadora e vincar o seu estatuto.

No rescaldo das 18 edições até aqui realizadas, Zimbabwe (5) e Zâmbia(4),  são as selecções que já ganharam a competição mais vezes seguidos por Angola e África do Sul, cada uma delas com três conquistas.

Refira-se que na edição da Taça Castle, realizada na Zâmbia, em 2013, Moçambique, sob comando de João Chissano, foi o vencedor do cruzamento entre as equipas eliminadas nos quartos-de-final, terminado a competição como quinta melhor equipa do torneio.

By Raimundo Zandamela